O Paradoxo do Risco: por que a Série A virou um deserto?
- 13 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de mai.
No cenário atual de venture capital early-stage, muitos investidores se comportam mais como alocadores tradicionais do que como exploradores de assimetrias. Apesar do volume recorde de capital disponível e da aceleração da inovação — especialmente em IA — as rodadas Series A se tornaram escassas.
O motivo? Uma desconexão crescente entre o risco que se espera assumir e o retorno que se está disposto a perseguir.
Ainda existe grande potencial de retorno (MOIC) em apostas iniciais, mas a régua de seleção está altíssima: não basta um bom produto, PMF e alguma tração. Desde o lançamento do ChatGPT, tornou-se essencial ter características únicas e diferenciação clara.
Essa lógica é, em essência, circular: investidores querem startups “de-risked”, mas os marcos que reduzem o risco — como PMF e receita inicial — exigem capital que deixou de fluir.
É o velho Catch-22, agora amplificado pelo momento macroeconômico.
Mesmo startups de IA ou focadas em developer tools — segmentos em alta no seed — estão enfrentando dificuldades para captar Series A.

Dados da Carta mostram uma forte queda na velocidade dessas rodadas, apesar de um pipeline robusto no seed. Na prática, muitos VCs passaram a adotar uma postura de growth-stage mesmo em estágios iniciais, buscando clareza pós-receita.
Resultado? Valuations descolados, Rodadas mais longas, Proliferação de bridge rounds e M&As prematuros.
Segundo Sling Hub & Namari Capital, 86,4% das startups não chegam ao Series A, e mais de 95% nunca atingem o Series B.
O vale da morte é real — e está se tornando mais largo e profundo.
Com juros altos e uma janela de IPO estreita, capital alocado hoje prioriza liquidez e previsibilidade em vez de assimetria de retorno.
Mesmo em IA, só as plataformas com clara vantagem de distribuição e GTM estão conseguindo captar.
Neste cenário, eficiência de capital deixou de ser virtude — virou mecanismo de sobrevivência.
E para os fundos que ainda sabem apostar em velocidade, não apenas visibilidade, pode estar se desenhando a melhor safra da década.