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A Corrida pela Liderança na Nuvem ou “Competindo pelo Futuro"


No início de outubro do ano passado, a IBM revelou planos de spin-off de uma parte relevante da sua unidade de Serviços com o objetivo de se recolocar na disputa do mercado Cloud. Há alguns anos, a companhia não tem tido seus esforços plenamente reconhecidos pelos investidores, pois sua divisão Cloud incluía atividades diferentes dos competidores AWS, Microsoft, Oracle e Google.


A intenção do movimento era tornar os negócios de nuvem mais visíveis para o mercado, um primeiro passo que já apresentou impacto positivo em valor na bolsa. Contudo, ao isolar o faturamento Cloud vemos que a companhia está muito distante dos rivais e, mais importante, seu crescimento ainda é muito abaixo do dinamismo demonstrado pela Amazon e Microsoft.


Apesar da IBM ter reportado receita de mais de U$ 47 Bilhões em Serviços em 2019, analistas e investidores têm valorizado muito mais a “nuvem pública” ou simplesmente Cloud. No gráfico acima, mostramos a posição da IBM apenas nas atividades que o mercado valoriza.


Mesmo a aquisição da Red Hat por R$ 34 Bilhões em 2018 foi insuficiente para um reconhecimento mais forte do mercado de capitais nesse espaço: enquanto os executivos da companhia se esforçavam para justificar a IBM como terceiro maior competidor nesse espaço, o mercado via o Google nessa posição.


Com essa nova reestruturação, a IBM se posicionou melhor ao segregar negócios com dinâmicas e operações tão distintas. Porém, seu maior desafio será demonstrar capacidade de crescimento comparável com os melhores competidores.


Mas com uma taxa de crescimento distante das concorrentes, mesmo que a IBM conseguisse crescer muito mais - e por vários anos - nos parece que isso faria pouca diferença para o valor de mercado: enquanto o market cap da IBM está em aproximadamente U$ 100 Bilhões, Amazon, Google e Microsoft exibem impressionantes U$ 1,6 Trilhões, U$ 1 Trilhão, U$ 1,58 Trilhão com a Oracle ainda bastante acima da IBM com U$ 177 Bilhões.


Boa parte da relevância dos modelos de negócio na nuvem das receitas recorrentes e da dominância dos mercados está também relacionada com a confiança na capacidade da empresa em incorporar o modelo de crescimento acelerado e se beneficiar do tailwind das transformações tecnológicas.


O mercado não está esperando apenas a migração para a nuvem de empresas e consumidores que só agora chegam ao mundo digital, ainda que o crescimento a ser extraído desses latecomers seja muito significativo. Vem aí transformações muito maiores com o 5G, Realidade Virtual, IOT e outras tendências que deverão aumentar exponencialmente o consumo de serviços e infraestrutura tecnológica. Essas diferenças em market cap entre as maiores empresas Cloud são também sinais das apostas dos investidores na disputa por um futuro que já está encomendado.


Por isso, em outra perspectiva, quando comparamos o valor da IBM com empresas recém chegadas a bolsa que construíram modelos de negócio em torno de necessidades não muito bem servidas pelas empresas tradicionais, a vemos muito atrás em dinamismo quando comparamos seu valor de mercado e crescimento CAGR dos últimos anos:

É indiscutível que o risco associado à IBM, companhia estável e bem gerida, não se compara ao risco que os investidores assumem ao apostar nestas novas empresas. Vale dizer também que em outros segmentos, como Inteligência Artificial e Quantum Computing, a IBM tem se destacado. Mas é surpreendente que empresas com tão pouco tempo de mercado tenham se tornado tão valiosas, chegando a representar parcelas substanciais de companhias inteiras, muito maiores e com posições dominantes há muito tempo.


Alguns aprendizados importantes surgem desta comparação:


(a) É difícil reagir a tendências exponenciais quando estas se materializam para o mercado, sem ter construído, anos antes, capacidades, equipe e posição, haja vista a diferença entre IBM e AWS, Microsoft, Google e Oracle. E ainda tão importante quanto esses elementos é a atenção e disposição da alta gestão em apostar no futuro, habilidade difícil de cultivar em ambientes corporativos complexos;


(b) O mercado tem recompensado crescimento desproporcionalmente em relação a outras considerações (como riscos) na busca por rentabilidade em um cenário mundial de alta liquidez e juros baixos: enquanto a IBM apresenta múltiplos de EV/Receita de 2,2x a Snowflake apresenta incríveis 149x (dados de 25/02/21);


(c) Modelos de negócios construídos em torno de lacunas dos incumbentes, com estrito foco em ofertas muito escaláveis e mercados endereçáveis muito grandes têm valorização desproporcional.


E analisando o que está acontecendo no Brasil, temos duas companhias que souberam se transformar e estão demonstrando que com um mercado de capitais mais dinâmico e favorável, pode não ser tarde para entrar na competição pelo futuro - a Locaweb e a Plusoft.


A Locaweb, companhia de capital aberto com décadas de atuação, construiu uma posição como digital enabler, com mercado endereçável grande, passando a ganhar espaço rapidamente, e podemos ver (abaixo, inserida no gráfico anterior) que ela está mais próxima das empresas de crescimento exponencial do que da IBM com valor de mercado de quarenta vezes suas receitas:

Já a Plusoft, empresa brasileira de capital privado com trinta anos de mercado e líder nacional em soluções para customer experience, executou uma transformação arrojada de modelo de negócios: de software on premisses para o modelo de receita recorrente baseado em nuvem e que a coloca como uma séria competidora das maiores multinacionais do setor. Os exemplos de Locaweb e Plusoft mostram que transformações relevantes de modelo de negócio são possíveis e altamente compensadores.


Quais companhias brasileiras você aposta que vão dominar seus mercados e a alocação dos investidores nos próximos anos? Uma boa pista foi dada pelo Distrito, que elaborou um estudo sobre os próximos prováveis unicórnios brasileiros.


Na DealMaker, apostamos que esta lista vai crescer muito mais nos próximos anos com a ajuda de fusões e aquisições como ferramenta para captura de capacidades críticas e para aceleração de crescimento.


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